segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Em desatenta percepção

Mirei profundezas

Nas quais notava-se um ser


Descontente exílio de sombra constante

Donde espelhos amargurados

Não refletem teu semblante


E me veio,

No formato de mãos piedosas

Que não seguravam flores.


Não esperei, ó esperança

Ter meu amor vulgarizado.

Já que um olhar profundo

É de vazio povoado.


Voltei ao exílio

Porém, levando comigo um espelho

Ázimo pão, que não cresça.

Para que do amor

não se faça vergonha

e na esperança adormeça.


Reflita ó espelho

A lagrima do sonho alado

Que é resquíncio de esperança

Do respirar tão esperado.


Peito enlameado...

Permita que adormeça

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Toque

Um único toque
Mistura-se a culpa e ao desejo
Torna-se evidente o medo nos olhos
Alheio a ternura de olhar.

Teu amor inocente
Desperta o receio
Que tanto vem culpar…

Misturam-se, envolvem-se
Dentre braços, pernas, abraços.
As mãos sentem o toque
O toque, o toque
Seios nus expostos ao relento
Frios, irrigecidos
Sentido macio ao contato dos lábios.

O íntimo úmido, intacto
Submetidos ao doce olfato
Me prova teu desejo.

Perfume arrebatador
Meu suor, seu calor.

Todo corpo aquece
Diante do delírio a que se submete.
À rigidez de um único toque.

O medo se esvai
O receio, a culpa

No entanto, no presente
Entrelaçam-se almas…

E eu, malandro incoerente
Me descubro feliz
E ainda mais inocente.

Seu beijo é meu anseio
Seu sorrir, seu viver, seu andar…
Tudo percebido nun gesto
Tudo ao intermedio
De apenas tocar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Íntimo

Talvez tenha sal, sol, chuva e tinta
São quentes, molhados
Salgam os lábios
Mancham a face

Talvez venha do peito
Do leito, íntimo despeito

Desfacela, dói, destroi…
Sabe-se que também vem do canto.

Surgiria essa nas satisfatórias
Contações involuntárias
Dos músculos faciais?

Emocionam e são emoção
Tem martírio insignificante
Prazer abundante
É tão pouco, tão simples
Tão tanto…

Sem razão é muito
Sem orgulho é dádiva
Assim és o pranto, encanto
… Lágrima

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Passam na cabeça
Tempo passado
Absurdo pretérito.
Vida não vivida
Perdido mérito

Frases calmas,
Quente abraço
Lembrando calado.
Presente vivente
Murmúrio sufocado.

Doçura insegura
Afastam-te
Renegam-te

E reaparece
Instante inoportuno
De consolo encontrado
No peito alívio
De um pesar conformado

Livraria-me assim de um passado infeliz?
Pois não, nem mesmo vivi.
Talvez, livrar-me de um possível feliz
nem que por um segundo

Engano.
Tens o dom de confundir
A lembrança iludidamente tranquilizada.

O mal, é que teu dom é exclusivo de meu pensar
Sem hipocrisia…
Não sei fingir não gostar.

sábado, 6 de setembro de 2008

Me lembro de um futuro
onde o passado é inconstante
Onde o abismo que antecede
a ternura que me impede
eu apago em um instante.

O vento que espalha terra
é o tempo que apaga a lembrança
É ferida que cicatriza
e me renova a esperança.

Como da vida não ha real partida
a transformo em real conto
Fazendo da ilusão conforto
Um tracejo a passo torto
E do tropeço, um novo ponto.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quanto mais procuro
menos encontro
Quanto mais descubro
mais quero esquecer

Lembrar-me-ei apenas
da lembrança de um viver
que hoje é vago.

Tanto descobriu o homem
que construiu caos e desordem.
Fez da evolução perigo,
Cresceu de forma equivocada.

Eu, de saber que o saber revela a verdade,
na hipocrisia de fechar meus olhos
finjo querer mudar.
Vivo feliz e calmo sem voltar atrás
De forma falsamente feliz
Absorto na paz que a ignorância nos trás.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A ÚLTIMA LÁGRIMA!

Porque devo chorar?
Eu não queria chorar
Não há motivo ou razão
Disseste-me que me amava em demasia
O que é demais estraga.
Te oferecestes de bom grado
Amaciou-me pra depois lanhar
Clamei teu nome na escuridão
Não me respondeu
Clamei, clamei
Desfaleci
Não pude conter o sentimento baldio
Sordidamente o decepo de mim mesma
Por que chorar?
Eu não queria chorar
Foi maior do que eu
Não pude evitar.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sentir...

Te quero acurar em meu peito amoroso
Que tão quanto amoroso é categórico
Te fazer sentir no fundo da alma
A felicidade que te causaria sem aprazar
E que esta, por mais que latente
Vibra e emociona a todos que desejam ter
Quero te fazer sentir que o amor que te é proposto
A cada dia se eterniza e faz imaginar
Os sonhos de felicidade que juntos viveríamos.
Que ouça a criança correndo e brincando
Em um futuro não tão distante
Futuro real se o desejares.
Depois de anos de vida sentar-me ao teu lado
em um almoço de domingo
Te fazer sentir hoje esse aroma que me toca
enquanto você calmamente se porta
em sua cadeira de balanço
a cachimbar no quintal.

O músculo que pulsa...

O que pulsa em mim
tornou-se terra desabitada.
Não por minha escolha.

Analiso essa terra,
esse deserto se espande
e eu vejo espinheiros .

Espinheiros que balançam
e furam suas margens
sangrando-as impiedosamente.

Um sangue quente que incendeia a pureza
Um calor que corrompe.

Abandonar esse vazio,
é empobrecer minha alma.
Alma que já não grita.
Olhos que já não enxergam.
Mãos que já não sentem.

Tampo então os ouvidos.
e finjo ouvir os anjos
cantando em minha mente.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Uma de minhas favoritas...(2006)

O ir e vir me foi roubado
a cada passo sinto a atmosfera densa
A cada passo sempre mais

O vento sopra contra...

Deixe-me correr,
Deixe-me morrer
Ou até observar a escuridão.

Enquanto minha única lembrança contente
Torna-se completamente reminicente
O vento me empurra por qualquer direção
e eu, sigo seus passos.

Vendavais de emoção
Terremotos, tremores
Por Deus, tragam-me acalento
ou simplesmente me deixem fechar os olhos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

CORAGEM DE SER GENTE...

A emoção será permanente

Quando o sopro de uma mente

Tocar com os pés no chão.


Será tão grande a vida

Quando o embrião fechar ferida

E acordar da ilusão.


E então,

Com os pés se firma

E com eles caminha

Com os olhos enxerga

E a eles cega

Quando acorda e vê...

Não crê.


Das vozes do peito se faz canto,

O canto se torna pranto

Caminha, caminha

A pagina que vira

Ensina a que se escreve.


Afastei meu eu de mim

Fugi,

Errei,

E cresci,

Trago-o de volta


E da vida descrente,

Demente

Encurto a distancia da mente ao chão.

E entendo...


A emoção será permanente

Quando o sopro de uma mente

Tocar com os pés no chão.

A pagina que se vira

Contribui pra que é vinda


Quando terei emoção permanente?

Quando houver tido coragem de ser gente.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O primeiro de uma amiga especial

O fundo é alto
quando a noite recolhe os pedaços
e parte de mim grita
pra dizer que não é o que parece
Ainda é prisão
um pouco menos desagradável
onde o escuro,
é menos solidão
que o dia;

(Jessica Cuzine) ...saibas que tem talento sim e pode ir longe!

Esperança faz bem a alma...

Quando minha luz se apagou,
Tu me trouxeste a lua
Quando meu tempo passou,
mostrou-me a juventude resguardada.
O que faço com os sinos que tocam?
O que faço com a crescente melodia?
Danço! Irei dançar ao som da harpa de um anjo
Danço enquanto finjo acreditar no desamor.
Danço enquanto fujo do medo de temer
Doce anjo da madrugada
Será que a face certa do amor me esta guardada?
Envolta em minhas próprias confissões,
aguardo o despertar da aurora
Aurora nobre que me leva a enxergar
a chegada de meus dias de glória

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Me perdi
vagando por uma terra de heróis.
Renasci
voltando meus olhos a vós.
Amei
ao me acolher na curva do teu seio.
Me encontrei
descobrindo livrar-me do anseio.
Menina triste de luz forte e vã, não se engane
encontro na ternura dos teus olhos
o conforto do olhar de um irmã.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Canto como os pássaros
expandindo alegria ao tempo
soando pelos quatro ventos
a vida pura em notas de lamento.

Canto pois sou livre e amo,
o pranto aboli
e o manto de vozes que me cobrem
consolam, amam e fazem sorrir.

domingo, 20 de julho de 2008

Tropeço em minha vida inconstante
manipulada por mãos sem direção
divirto-me a ser pedante
e pensar no irreal sem definição

Desastres de uma vida cômica
onde rio de minha própria tragicidade
Sou marionete de uma alma vazia
de onde, tonta, me escondo da verdade

Esse sou eu, um ser sem ser
que não se encontra ou perde
que vive ou não vive mas ama
e sem consolo, consola a quem pede

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Me pego pensando em momentos passados
e entristeço com o que talvez não virá.
Esqueço-me de minhas virtudes
e do que a vida me dará.
Tenho virtudes. Mas esse sou eu,
o eterno triste sonhador.
A melancolia me cai bem.

Eu sou o que sou, eterno herói de mim mesmo.
Por mais que precise de suas mãos...

não as preciso para me levantar
mas para afagar meu rosto cansado.

Eu gosto desse lugar, estranhem vcs ou não!

Torturantes sussurros em minha mente
Envolto a um silencio incomparável
Mórbido, escuro

Torturantes, Torturantes
Como se simultaneamente um punhal
e a paz plena me consumissem

Deserto âmbito que me atrai
em ti enxergo o paraíso
mesmo envolto em tuas lapides chorosas

Só tuas vozes me torturam.

Permita-me sua paz.
Permita que o silêncio predomine
enquanto me sento e o admiro


segunda-feira, 14 de julho de 2008

Dias perdidos

Trágico despertar do amanhecer
Após a espera de ver chegada a aurora
Após um dia de viver contando as horas
Na espera do trágico próximo dia

Sonhando em ver seu rosto pálido
Capaz de me esconder na ilusão
Enxergando no branco vago
As cores de um dia de solidão

Sequer pude libertar-me
Revelar meus tormentos insanos
Despertando dia após dia pra contar
Cansadas horas de meus dias, meses e anos

Enterro-me então em meu oculto fogo libertino
Devaneio nessa perturbada mente
Fogo que sordidamente me queima
Sempre se mantendo sedutor e atraente.

domingo, 13 de julho de 2008

Fantoche

O corpo começa em cordas,
Amarrados de barbante
Presas em madeira,
Em corpo dominante.

Os braços se movem a contragosto
Envolvem um pescoço.
As pernas, pobre delas,
Já não caminham paralelas

O ocular guiado a um lado
O olhar querendo o oposto
O sorriso demente
Se abre entre dentes
Sem ter face ou rosto

A que se liga, ó músculo cardíaco
Se não as cordas que o guiam?
Diante a teu posto descrente
Valeria lembrar brevemente
Que por baixo das cordas de domínio
Ainda existe ser vivente?

sábado, 12 de julho de 2008

Um calor inconfundível me proporcionas-te
Entre conturbações e conflitos acalentas-te
De acalentos e consolos
Me aqueceu.

Diria eu,
que não só de amor tu me fizeras
Diria até que sua ternura o enobreceu

Meu inestimável ser adorado
Que de ternura encantou
Gestos inabaláveis, toques sinceros
Suspiros incertos, perfume primavera
Delírio, deleio
Cuja beleza és comparável
Com a doçura da quimera

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Reflexo humano

De essência cativante
Contornos delirantes
Sorriso aberto
Desejo desperto

Tem nas mãos o despeito
No peito, injúria.
Nos lábios veneno

Trás na mente a resposta
De quem a si, não vê.
E na carcaça harmoniosa
Bela essência decomposta
Em fragmentos de não ser.

Triste é ver tal formosura
Cobiçar no próximo destroços
Quando mesmo em seus caroços
Tem valor descomunal.

Cegando-se ao seu reflexo
Cegando-se ao seu brilho
Tendo na cegueira martírio
Na inveja amor fatal

terça-feira, 8 de julho de 2008

Jazigo

Jazem aqui minhas lembranças
De um dia sem esperança.
Jazem aqui minhas ânsias
Criadas por minha própria selvageria.
Criados, rígidos, ásperos.
Estão ocultas aqui minhas magoas e dores
de um minuto sórdido que me causei.
Faço jazer junto a isso tua tentativa de prender-me
como em um alçapão,
uma porta que só abre para baixo.
Ponho então neste jazigo
Coisas sórdidas de mim para não pôr eu mesma.
Bendito jazigo a poesia (2006- para estrear, a mais marcante pra mim)