quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Que se faça sorrir o dia
quando a sombra vazia tornar-se alma...

Saudade e o Vácuo

saudade é coisa pouca
como sombra no verão
andando sempre à frente,
nunca ao alcance da mão.
cada passo a seu encontro,
desconforto e enorme assombro.


- corre de mim! corre!

- um dia te alcanço e te esmago entre os dedos!

- te aperto e me afago o peito..

- te vejo escapar, e me tombo.

- como um salto no vácuo…

não há saudades no vazio, como não há sombras do lado de dentro do medo.

(Homenagem de estímulo ao querido amigo Helder D. cujo talento deve ser reconhecido)

domingo, 4 de julho de 2010

Explodam palavras!
Sejam cuspidas, arremessadas.
Não se engasguem, gritem!
Que mal há?
Sejam apenas o que são.

Assim são, assim serão.

Saiam do peito e materializem-se,
Assim, sopradas, ouvidas, talvez compreendidas...
E serão!
Que mal há?

Morrerão como pensamentos?
Sentidos? Dores? Dúvidas?

Se assim forem, sejam apenas isso, o que são!

E então, não serão palavras, ou sentidos, ou dores ou duvidas.
Serão apenas verdades...
Era tão linda...

A música
O vento, a cor... E seus olhos!

Queria correr, sentir.
Vendo a saia rodando no vento,
No tempo sentido me sento,
Ouço e calo...
Como não calar deveras?

Como não calar ao luar, ao som, à música...
A musica...
E seus olhos fecharam!

Me calei, sem sequer haver música;
Ou encanto...
Era o grito contido do pranto
Que urrava de dentro do seio.

No seio...
E este,
Já não estava ali pra me aquecer!
De que lado ficam os montes?
Eles são belos?
Eu quero vê-los
Deixa-me ver...

Pode ser que eu não acredite
Que eu não saiba
Que eu não entenda...
Mostra-me!

Se você não quer mostrar,
Por que me diz que existem?
Por que me cativa em palavras?
Eu não queria saber... Quero ver!

Se realmente existem,
Quero cheirar, imaginar.
Quero sentir, sonhar.
Estando perto, querer,
E quando ver, acreditar!
É tão simples olhar...

E amar, amar também é simplório!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Todo dia é dia de acordar e ver o dia
É dia de sorrir...

Será possível tal façanha
diante de uma pequena barganha
de elogios contra beijos?
De ternuras e desejos
de grosserias e equivocos?

Tais como as ventanias,
são necessárias as vitrines
mentiras e máscaras...
Tais como as tempestades,
são precisas, as razões das tormentas...

Catástrofes?
E as reconstruções...
Desordem?
E a sede...

Talvez hoje eu acorde e sorria...
Amanhã talvez não
Talvez isso tenha um propósito...
Ou não..
Mas de qualquer modo, vou acordar amanhã!!

domingo, 2 de maio de 2010

Parceria...

Lugar incrível e impossível o infinito
tem sombra e tem luz
tem dor e tem sorte
tem vida e morte
Mas que desgraça esconde essa sorte??

Hoje acordei pensando em rosas
em prosas, versos e poesias.
Não os fiz...
Não quis!
Amanha posso já não ter rosas, tampouco prosas,
mas terei palavras
terei idéias

Eu quis navios, tive barcos,
naveguei.
Em terra firme tive sonhos.
Nao realizei.
Afinal, o que são os sonhos se não as ondas?

Quando desejei o mundo,
tive as nuvens,
voei...

Posto então, qual é o infinito?
É querer.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Musica aos ouvidos
é o teu suspiro doce
O amargo dos teus beijos
também é doce...

Tens tênue perfume
de olfato acre

Sua voz melodia
seu encanto, pranto.
Feroz em seu peito
onde triste me deito,
não tenho acalento.

Beleza mesmo é te ver sorrir
não pra mim...
Te ver crescer
não comigo...
E te perder
sem nunca ter tido.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A arte é a auto-expressão lutando para ser absoluta. - Fernando Pessoa

Parte de mim ama
a outra parte ainda mais.
Pode-se dizer que chora
não apenas parte...

Parte de mim diz agora

Me fiz rios de lágrimas
Me fiz poços de decepção
Mas o amor, ah o amor...

Quis morrer a todo instante
Quis sofrer, pedir perdão
Quis sumir de meu íntimo

E então...
Amei e amo
Chorei e o faço
e fiquei,
por que jamais... é fugir.

Portanto fico, e reconstruo...







Augusto dos anjos em mim...

No ardor do sonho que o fronema exalta
Construí de orgulho ênea pirâmide alta...
Hoje, porém, que se desmoronou

A pirâmide real do meu orgulho,
Hoje que arenas sou matéria e entulho
Tenho consciência de que nada sou!

---***---

Tenho estremecimentos indecisos
E sinto, haurindo o tépido ar sereno,
O mesmo assombro que sentiu Parfeno
Quando arrancou os olhos de Dionisos!

---***---

Para reproduzir tal sentimento
Daqui por diante, atenta a orelha cauta,
Como Mársias - o inventor da flauta -
Vou inventar também outro instrumento!

Mas de tal arte e espécie tal fazê-lo
Ambiciono, que o idioma em que te eu falo
Possam todas as línguas decliná-lo
Possam todos os homens compreendê-lo!

---***---

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Rir é o melhor remédio??

...
e quando ele não vem?
Logo paro e penso
e me doi o peito
e me sufoca a alma
e me consome em leito

Esperança fala pouco
receio, bem mais alto.
Um fato, um ato, um pouco
sem o qual, nenhum outro
causaria tal conceito.


Tem cura a dor do arrependimento
quando sua propria consciencia te condena?

O perdão é algo inestimável
da dinidade de quem o concede.

Mais fácil é perdoar quem apunhala,
do que a consciencia de quem fere!